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https://hdl.handle.net/10316/101871
Title: | Curar o Caminhar. Sobre a relação possível entre o acto de caminhar e a prática curatorial | Authors: | Gaeta, Antonia | Orientador: | Umbelino, Luís Bandeirinha, José António Oliveira |
Keywords: | caminhar; prática curatorial; arquivo; arquitectura; cidade; corpo; tempo; espaço; narrativa; walking; curatorial practice; archive; architecture; city; body; time; space; narrative | Issue Date: | 20-Jul-2017 | Project: | FCT - Fundação para a ciência e a tecnologia | Abstract: | A tese constrói-se sobre a premissa de que caminhar, num contexto urbano, é a questão sobre a qual se organizam os diferentes tempos da curadoria: um caminhar que serve ao mesmo tempo de ferramenta de conhecimento e pensamento contemporâneo da prática curatorial. O estudo determina, por um lado, que a prática curatorial pode acolher o caminhar como referência e, por outro, o papel que desempenha o caminhar na tarefa de pensar e construir referências para a curadoria. A par deste levantamento, o desenvolvimento do estudo foi enriquecido por uma componente prática de pesquisa, um conjunto de projectos expositivos produzidos entre 2010 e 2015, entre si interligados por pressupostos e pela metodologia adoptada, em Lisboa, Veneza e Buenos Aires.
O caminhar foi abordado como sendo a acção que torna possível uma imersão no urbano, capaz de criar formas de relação e símbolos que argumentam sobre a sensação da realidade percebida e que, ao mesmo tempo, informam da colectividade, das memórias, do construído. O quotidiano da cidade foi experienciado como um enunciado e o caminhar representou tanto uma forma de inscrição quanto de transcrição. Nesta apropriação de espaço/ contexto, o corpo do outro, o encontro e o confronto com os sujeitos e o construído urbanos, foram presenças constantes. Mesmo quando a caminhada era “solitária” ela estava constantemente em relação com os outros corpos urbanos. Em síntese, através de um esforço físico, acompanhado pela criação de um arquivo a esboçar a articulação entre caminhar e prática curatorial, pretendi evidenciar o lugar vivido e experienciado e não simplesmente visto ou contemplado.
Embora durante a pesquisa não tenha sido possível detectar autores que tenham escrito sobre a inflexão do pensamento deambulatório na direcção de um estudo sobre a prática curatorial, foi possível, no entanto, mediante uma recolha de bibliografia oriunda de diferentes domínios disciplinares – dos estudos fílmicos à filosofia, da estética à literatura, da arquitectura à arte contemporânea – encontrar, de uma forma mais dispersa ou explicitamente tematizada, elementos suficientes para a constituir. Neste sentido, e uma vez que o pensamento deambulatório é, fundamentalmente – se bem que entre muitas outras coisas – uma filosofia da imanência, tornou-se premente pensar em conjunto o caminhar e a imanência, e procurar as determinações dos dois conceitos para possibilitar esta articulação.
Um outro momento da pesquisa elucidou de forma cabal, por intermédio de uma abordagem diacrónica, o problema, transversal à prática curatorial, da construção propriamente dita de um projecto de curadoria, procurando mostrar como o modelo do caminhar, mediante a transparência do tempo dos passos, contribuiu para os projectos curatoriais onde os artistas embrulharam tempo, espaço e movimento transformando-os em obra. Enquanto processo de leitura e escritura do território, caminhar nos projectos curatoriais teve uma trama, um começo e um fim, silêncios, mudanças de argumentos, recomeços e uma relação de audição activa entre território e caminhante.
Por fim, ao longo da redacção da tese optou-se pela introdução de elementos de arquivo tais como imagens, anotações, mapas, esboços com documentação sobre os projectos curatoriais e outras fontes que, em conjunto com o texto, funcionam como um todo único. This thesis is built on the premise that walking, in an urban context, is the issue around which the different paces of curatorship are organised: a walk is at the same time a tool for knowledge and contemporary thought in curatorial practice. This study determines, on one hand, that curatorial practice may welcome walking as a reference and, in the other, the part walking plays in the tasks of thinking and reference-building in curatorship. Along with this survey, the study’s development has been enriched by practical research, a set of exhibition projects made in Lisbon, Venice and Buenos Aires between 2010 and 2015 interconnected by adopted methodology and prerequisites. Walking was approached as the action enabling urban immersion, able of creating ways to relate and symbols to discuss the sense of perceived reality, while informing on the communal, memories, built space. The quotidian in the city has been experienced as formulation and walking as means of inscription as much as transcription. In this space/context appropriation, the other’s body, the meeting and confronting of urban subjects and buildings, were constant presences. Even when the walk was a “lonely” one, it was constantly related to other urban bodies. Summing up, through physical effort accompanied by the creation of an archive, sketching the articulation between walking and the curatorial practice, I aimed to bring to evidence the lived, experienced space, not just the seen or contemplated one. Even if research didn’t allow for the finding of authors writing about the inflection, the influence of perambulatory thinking in the direction of a study on curatorial practice, it was nevertheless possible, by means of a bibliographic collection rooted in different academic fields – from film studies to philosophy, aesthetics to literature, architecture to contemporary art – to find, either disperse or explicitly themed, enough elements to form one. In that sense, and since perambulatory thinking is, fundamentally – even if among plenty of other things – a philosophy of immanence, it became urgent to think about walking and immanence together, and to look for the determinations of both concepts to allow for this articulation. One other moment in this research helped clarify, by means of a diachronical approach, cross-sectional to the curatorial practice, the problem of the making of a curatorial project itself, by trying to show how the process of walking, through the sheer transparency of pace, contributed to curatorial projects where artists wrapped time, space and movement up, transforming them into a work. As process of both reading and writing the territory, to walk in curatorial projects had a plot, beginning and end, silences, plot-twists, restarts and an active listening relationship between territory and walker. Finally, it was chosen throughout the writing of this thesis to present archive elements such as images, annotations, maps, sketches documenting curatorial projects and other sources that, alongside its text, work as a whole. |
Description: | Tese de doutoramento em Arte Contemporânea apresentada ao Colégio das Artes da Universidade de Coimbra | URI: | https://hdl.handle.net/10316/101871 | Rights: | embargoedAccess |
Appears in Collections: | UC - Teses de Doutoramento Colégio das Artes - Teses de Doutoramento |
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