As estratégias de resiliência organizacional direcionadas para o cuidado aos idosos

Abstract

O envelhecimento assume forte manifestação nos países mais desenvolvidos e ocidentais, tal como Portugal, e acarreta desafios imensos ao nível do cuidado às pessoas idosas, assumindo destaque a aposta nas respostas de âmbito institucional para cuidar das mesmas. Visando a humanização e o respeito pela individualidade da pessoa idosa, assente na promoção da funcionalidade e da autonomia, com vista à efetiva melhoria da qualidade de vida, as ERPI foram extremamente desafiadas com a pandemia da COVID-19, exigindo uma atuação assente na resiliência organizacional de forma a tornar as ERPI ainda mais fortes e melhor preparadas para os tempos futuros. Aqui foi capital a (re)adaptação do cuidado, inspirado na abordagem centrada na pessoa como terapia, por forma a melhor enfrentar os desafios ocasionados pela pandemia e surtir efeitos positivos nas ERPI, no capital humano, nos cuidados e, necessariamente, nas pessoas idosas cuidadas. Em simultâneo, a pandemia salientou alguns aspetos ao nível das ERPI, das políticas sociais e da sociedade a melhorar e, nesse sentido, surgem reptos para um cuidado mais humanizado, assentes em lógicas de liberdade, respeito e autonomia. Em termos do seu objetivo central, este estudo visou compreender as estratégias de resiliência das organizações sociais prestadoras de cuidado aos idosos - designadamente as que enquadram a resposta social de ERPI - decorrentes da conjuntura pandémica, percecionando as implicações das mesmas nas dinâmicas organizacionais e os seus efeitos no cuidado aos idosos. Quanto ao perfil metodológico, o estudo inserido no paradigma interpretativo privilegiou a metodologia qualitativa, através de um estudo de caso múltiplo abrangendo 4 organizações da economia social com estatuto de IPSS ou equiparado, com valência de ERPI, tendo sido auscultados 8 participantes (direção técnica e órgãos sociais), por via de entrevistas semiestruturadas, as quais foram sujeitas à análise de conteúdo Em termos de resultados constatou-se que as ERPI evidenciaram capacidade de resiliência para enfrentar a COVID-19, ainda assim salienta-se a relevância de rever aspetos inerentes a quem cuida e a alteração de atitudes/práticas (de nível macro, meso e micro) no que diz respeito ao envelhecimento e velhice e à valorização do capital humano. As lideranças foram centrais para a promoção do bem-estar e para a estimulação de relações positivas entre pares, instituição e colaboradores, estando na base da criação de um ambiente de confiança, envolvimento e compromisso associado ao cuidado aos idosos.

Ageing is strongly manifested in the most developed and western countries, such as Portugal, and brings with it huge challenges in terms of elderly care, with a focus on institutional scope which offers responses to care for older people. In order to promote both humanization and respect for the individuality of the elderly, considering his functionality and autonomy and improving effectively his quality of life, Residential Care Homes (RCH) were extremely challenged during the COVID-19 pandemic, requiring an action based on organizational resilience in order to make RCH even stronger and better prepared for unforeseen circumstances ahead. To do so, the (re)adaptation of care proceedings was crucial, inspired by the person-centered approach as therapy, in order to face challenges caused by the pandemic and have positive effects in RCH, in the employees, in care proceedings and, necessarily, in treatments for older people. At the same time, this pandemic highlighted some aspects to be improved not just in the services offered by RCH, but also in social policies and in society itself, consenquently arising concerns to a more humanized care, based on logics of freedom, respect and autonomy. Concerning its main objective, this study aimed to understand the resilience strategies of social organisations providing care to the elderly - namely those included in the social response of RCH - throughout the COVID-19 outbreak, recognizing their implications in organizational dynamics and their effects on ederly care. Our methodological approach was stablished in the interpretative paradigm, favouring a qualitative methodology, through a multiple case study covering 4 social economy organizations with IPSS status or equivalent, equipped with RHC. During this research, 8 participants were interviewed (supervisors and governing bodies) using semi-structured interviews, which were subjected to a content analysis. The results show that RCH were resilience to face the COVID-19 outbreak, notwithstanding the revelance of reviewing the aspects related to caregivers and changing practices/behaviors (macro, meso and micro levels) regarding ageing and old age as well as the valorization of human capital. The leaders assumed a significant position to provide an environmental wellness and to stimulate a positive relationship between peers, institution and employees, once they were responsible to create an environment of trust, involvement and commitment associated with care proceedings for elderly people.