A partilha interdisciplinar de conhecimento: Algumas questões teóricas e operacionais em torno dos sistemas de organização do conhecimento

Abstract

A preservação da semântica é particularmente complexa quando o âmbito da partilha é interdisciplinar atendendo às idiossincrasias inerentes às diferentes comunidades de conhecimento. Uma potencial solução para transcender as fronteiras disciplinares envolve o uso da abordagem ontológica para a modulação de novos sistemas de organização do conhecimento. O uso de ontologias de alto nível ou de metamodelos ontológicos, como estruturas envolventes a outros sistemas de menor âmbito, são exemplos da aplicação da referida abordagem em contexto interdisciplinar. Apesar da possível existência de algumas aplicações, uma adequação generalizada a diferentes perspetivas epistémicas é, dentro da cultura pós-moderna, olhada com grande ceticismo. Contrariando essa visão de incomensurabilidade, a existência de um horizonte comum à prática científica é apresentada como viável e não impeditivo da integração de diferentes perspetivas. Para tal é necessário diferenciar afirmações do que existe (ontologia), de critérios de testagem (metodologia), e não descartar nem confundir os três esquemas (percetivo, concetual e linguístico) envolvidos na relação entre sujeitos e respetivo milieu.

Preserving semantics is particularly complex when the scope of sharing is interdisciplinary, given the inherent idiosyncrasies of different knowledge communities. One potential solution to transcend disciplinary boundaries involves the use of the ontological approach to modulating new knowledge organization systems. Using top-level ontologies or ontological meta-models as umbrella structures for other systems of smaller scope is an example of the application of such an approach in an interdisciplinary context. Although some applications do exist, a generalized adequacy to different epistemic perspectives is, within postmodern culture, regarded with great scepticism. Contrary to this issue of incommensurability, the existence of a common horizon for scientific practice is presented as feasible and not an impediment to the integration of different perspectives. This requires differentiating between statements of what exists (ontology) and test criteria (methodology), and not discarding or confusing the three schemes (perceptual, conceptual and linguistic) involved in the relationship between subjects and their milieu.

La préservation de la sémantique est particulièrement complexe lorsque la portée du partage est interdisciplinaire, étant donné les idiosyncrasies inhérentes aux différentes communautés du savoir. Une solution potentielle pour transcender les frontières disciplinaires consiste à utiliser l’approche ontologique pour moduler les nouveaux systèmes d’organisation du savoir. L’utilisation d’ontologies de haut niveau ou de métamodèles ontologiques, en tant que structures enveloppant d’autres systèmes de plus petite portée, est l’un des exemples de l’application de ladite approche dans un contexte interdisciplinaire. Malgré l’existence possible de certaines applications, une adéquation généralisée à différentes perspectives épistémiques est, au sein de la culture postmoderne, considérée avec beaucoup de scepticisme. Contrariant cette vision d’incommensurabilité, l’existence d’un horizon commun à la pratique scientifique est présentée comme réalisable et non comme un obstacle à l’intégration de différentes perspectives. Pour cela, il faut faire la différence entre les affirmations de ce qui existe (ontologie) et les critères de test (méthodologie) et ne pas écarter ou confondre les trois schémas (perceptuel, conceptuel et linguistique) impliqués dans la relation entre les sujets et leur milieu respectif.