Aceitação Social em Alunos com Síndroma de Down: Estudo Comparativo com Crianças do Pré-Escolar

Abstract

Considerando a importância das autopercepções e os escassos estudos realizados com populações em condições de deficiência, pretendemos com este trabalho levar a cabo uma investigação no âmbito das autopercepções com alunos com Síndroma de Down. Este estudo teve como objectivo analisar o comportamento dos alunos com Síndroma de Down ao nível das autopercepções, mais especificamente na dimensão da aceitação social deste contructo. Pretendemos também averiguar as diferenças entre estes aluno e alunos do pré-escolar com a mesma idade mental (4-7), e de que forma o género poderia afectar esta dimensão. Para isso utilizamos a Escala Pictórica da Competência Percebida e Aceitação Social para Crianças com Paralisia Cerebral, adaptada para a realidade portuguesa por Corredeira (2001), baseada na escala desenvolvida por Vermeer & Veenhof (1997), que para a sua elaboração apoiaram-se na Pictorial Scale of Perceived Competence and Social Acceptance in Young Children (Harter & Pike, 1984). Esta escala foi aplicada a alunos do pré-escolar ditos normais e alunos com Sindroma de Down, provenientes quer do ensino regular em estabelecimentos da região centro de Portugal quer das delegações da Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental. A amostra do presente estudo consistiu em 56 alunos (25 rapazes e 31 raparigas). Dentro da amostra total encontram-se, 30 alunos ditos normais (15 rapazes e 15 raparigas) e 26 alunos com Síndroma de Down (10 rapazes e 16 raparigas). As idades dos alunos do pré-escolar estão compreendidas entre os 4-5 anos, enquanto que as idades dos alunos com Sindroma de Down situam-se entre os 12-17 anos. De salientar que todos os sujeitos apresentam uma idade mental superior a 4 anos de idade e inferior a 7 anos. Os resultados apresentados por todos os alunos nas autopercepções ao nível da aceitação social foram positivos para ambos os domínios, aceitação parental e aceitação dos pares. Os alunos do pré-escolar ditos normais apresentaram resultados mais positivos que os alunos com Sindroma de Down, em ambos os domínios da aceitação social. Porem quando consideramos o género, observamos no género masculino um valor mais positivo dos alunos com Sindroma de Down no domínio da aceitação parental, já no género feminino são as alunas do pré-escolar são quem obtêm valores superiores nesse domínio. Comparando dentro de cada género as diferenças de resultados entre alunos com Síndroma de Down e alunos do pré-escolar, no domínio da aceitação dos pares verificamos diferenças estatisticamente significativas, com valores superiores para os alunos do pré-escolar em ambos os géneros. Já relativamente á aceitação parental, os alunos com Sindroma de Down do género masculino apresentam valores superiores aos alunos do pré-escolar. No género feminino são as alunos do pré-escolar os que obtêm valores superiores nesse domínio. De referir também, que os alunos com Sindroma de Down do género feminino obtém valores superiores no domínio da aceitação dos pares, já no domínio da aceitação parental são os alunos do género masculino com Síndroma de Down, aqueles que melhores resultados apresentam. Isto não se verifica nos alunos do pré-escolar, em que é o género feminino é aquele que melhores resultados obtém em ambos os domínios.