Avaliação e prescrição do exercício em jovens obesos

Abstract

A obesidade é considerada uma doença grave, que condiciona o aparecimento de outras doenças crónicas debilitantes e potencialmente fatais, e que nas crianças e jovens está associada a um risco de doenças cardiovasculares, que afectam a sua qualidade de vida. Em Portugal, a obesidade atinge proporções alarmantes, verificando-se que este problema afecta uma percentagem cada vez mais elevada de crianças e jovens. O equilíbrio energético positivo é considerado um dos principais factores para o desenvolvimento da obesidade, resultando do excesso de ingestão calórica, do inadequado dispêndio calórico ou de ambos. O aumento de actividade física e o aconselhamento nutricional surgem como principais formas de controlo do equilíbrio energético e consequente, redução de obesidade. O presente estudo teve como primeiro objectivo avaliar a população de uma escola secundária através do índice de massa corporal, de forma a determinar a percentagem de jovens com excesso de peso ou obesidade. O segundo objectivo foi diminuir a quantidade de massa gorda num grupo de jovens obesos, através da prescrição de um programa de treino individualizado e de aconselhamento nutricional. Pretendeu-se comparar a percentagem de massa gorda no início e no final de um programa de treino, com a duração de 12 semanas. A amostra total para a avaliação do índice de massa corporal foi constituída por 495 sujeitos. Tendo como base o valor de IMC determinado, verificámos que 95 sujeitos pertenciam às classes de excesso de peso ou obesidade. Deste grupo, foram seleccionados 21 sujeitos, 16 do género feminino e 5 do género masculino, com idades compreendidas entre os 15 e os 22 anos, sendo a média de idades de 17,3 ± 1,6 anos e 17,9 ± 1,7 anos, respectivamente. Realizámos um programa de treino para 5 sujeitos do sexo feminino e 5 do sexo masculino, pertencentes aos 21 sujeitos anteriormente seleccionados. O programa de treino teve uma extensão total de 12 semanas, visando a perca de massa gorda através de um equilíbrio calórico negativo, obtido pelo aumento do gasto calórico semanal. Neste sentido, elaborámos um programa de treinos aeróbio composto por 3 sessões semanais. As sessões iniciais tinham uma duração de 40 minutos e aumentaram progressivamente até aos 65 minutos, assim como a intensidade que dos 50% aos 55-60% da frequência cardíaca de reserva. A intensidade do exercício foi monitorizada através da frequência cardíaca. As actividades realizadas exercitavam grandes grupos musculares, sendo desenvolvidas de forma cíclica e contínua. A partir da semana 9, o programa de treino aeróbio foi complementado com treino de força, realizado duas vezes por semana. Por outro lado, os sujeitos foram alvo de aconselhamento nutricional, de forma a possibilitar uma diminuição equilibrada no consumo calórico diário. Os resultados indicaram que as 12 semanas de treino provocaram um ligeiro aumento, na taxa de metabolismo basal da amostra. No entanto, verificámos que as diferenças não foram significativas, pressupondo que a extensão do programa de treino de força foi insuficiente para se registarem diferenças estatisticamente significativas. No último momento de avaliação da população verificámos que a percentagem de massa gorda da amostra baixou em 1,8%. Apesar de não se registarem diferenças estatisticamente significativas, os resultados indicam que o programa de treino e o aconselhamento nutricional tiveram efeitos positivos na amostra.