Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/17848
Title: A construção secular de uma identidade étnica transnacional : a cabo-verdianidade
Authors: Góis, Pedro Manuel Rodrigues da Silva Madeira e 
Orientador: Fortuna, Carlos
Keywords: Sociologia da cultura -- Cabo Verde; Etnicidade; Música cabo-verdiana; Literatura cabo-verdiana; Emigrantes cabo-verdianos -- EUA -- Argentina -- Portugal; Identidade cultural -- Cabo Verde; Sociologia das migrações -- Cabo Verde; Cultura cabo-verdiana; Sociologia da cultura
Issue Date: 7-Nov-2011
Citation: GÓIS, Pedro Manuel Rodrigues da Silva Madeira e - A construção secular de uma identidade étnica transnacional : a cabo-verdianidade. Coimbra : [s.n.], 2011
Abstract: Cabo Verde é um dos poucos países do mundo que tem tido uma emigração ininterrupta ao longo de mais de dois séculos. É um país marcado pela existência de algumas dezenas de milhares de emigrantes e de centenas de milhares dos seus descendentes no exterior de Cabo Verde a par de outros tantos no interior do arquipélago. Como podemos pensar a existência de uma identidade colectiva nestas condições? Como se formam e mantêm os vínculos de ligação a Cabo Verde nos núcleos de emigrantes e seus descendentes? Como é “ser caboverdiano” em diferentes destinos migratórios ao longo do tempo? As observações efectuadas em alguns dos destinos migratórios onde se estabeleceram Caboverdianos em confronto com os dados recolhidos no arquipélago de Cabo Verde, levaram-nos a estruturar a hipótese de uma co-influência recíproca no que respeita às dimensões que constituem a identidade social e cultural cabo-verdiana contemporânea. No nosso caso, invertemos o tradicional olhar e analisamos a identidade cabo-verdiana a partir não do arquipélago de Cabo Verde mas do arquipélago migratório e do confronto com os vários “outros” com que se tem defrontado ao longo dos últimos séculos. A análise efectuada permite questionar o modo como se estruturam as ligações simbólicas entre os cabo-verdianos que se movem no seio de um mundo social transnacional e descobrir a construção de uma identidade social transnacional baseada numa “identificação étnica”. A partir daqui encontramos o campo conceptual que nos permite discutir sociologicamente a “etnicidade” cabo-verdiana enquanto dimensão que enforma uma “identidade étnica transnacional”. O nosso percurso leva-nos de volta aos clássicos da sociologia para, através da análise circunstanciada das suas contribuições analíticas, compreendermos como a “etnicidade” ou “identidade étnica” se tornou uma característica socialmente marcante e sociologicamente consequente ao longo dos tempos. A “etnicidade” ou a “identidade étnica” emergem na actualidade das ciências sociais, como algo mais do que construções sociais ou políticas. A vida social está, embora de forma desigual, profundamente estruturada em linhas “étnicas”, e a “etnicidade” acontece numa variedade de cenários quotidianos. A “etnicidade” está incorporada e visível não apenas nos projectos políticos e na retórica nacionalista mas também em encontros do dia-a-dia, em categorias práticas, no conhecimento de senso comum, em idiomas culturais, em esquemas cognitivos, em construções discursivas, em rotinas organizacionais, em redes sociais e/ou em formas institucionais. Há, portanto, uma centralidade que deve ser analisada. Procuramos demonstrar que a “identidade étnica transnacional cabo-verdiana” vem sendo construída continuamente ao longo dos últimos séculos enquanto fenómeno social e sociológico. Existe não porque exista (apenas) uma crença que supõe a sua existência mas por que há acções, interacções e relações sociais que, analisadas longitudinalmente, comprovam a sua existência. Referimos exemplos diversos desta actividade nos EUA, em Portugal, em Cabo Verde ou na Argentina. Defendemos que não existe [não poderia nunca existir] uma (única) identidade étnica cabo-verdiana geral, mas ao contrário, estaremos em presença de uma (re)construção étnica múltipla e, portanto diferente em cada um dos países onde existem comunidades imigradas (e no arquipélago de Cabo Verde), resultante, por um lado, do confronto com os “outros” diferenciadores e, numa outra vertente, dos contextos e conjunturas em que ocorreu e ocorre essa interacção.
Cape Verde is one of the few countries of the world whose immigration has been continuous for over two centuries. One of the characteristics of this country is the existence of some dozens of thousands of Cape Verdean immigrants, and hundreds of thousands of their descendants outside the country and the same number within the archipelago. In what way can we think of the existence of a collective identity under these conditions? How are the bonds to Cape Verde created and maintained within immigrants and their descendents’ groups? What is it like to be “Cape Verdean” in different migration destinations throughout time? Observation made in some of the migration destinations of Cape Verdeans, when compared with data gathered in the Cape Verde archipelago, led us to the hypothesis of the existence of a reciprocal co-influence regarding the dimensions of the contemporaneous social and cultural Cape Verdean identity. In our case, we inverted the traditional way of looking at it, and analysed the Cape Verdean identity not from the Cape Verde archipelago but from the migratory archipelago, and from the confrontation with the several “others” it has been facing throughout the last centuries. The analysis done allows us to question the way in which symbolic bonds among Cape Verdeans who operate within a transnational social world are structured, as well as learning about the construction of a transnational social identity based on an “ethnic identification”. From here we find the conceptual field that allows us to sociologically discuss the Cape- Verdean “ethnicity” as a dimension that shapes up a “transnational ethnic identity”. Our path led us back to the classics of sociology to, through the circumstantiated analysis of its analytical contributions, understand how “ethnicity” or “ethnic identity” became a socially important characteristic and sociologically consequent throughout time. “Ethnicity” or “ethnic identity” emerges in the current social sciences as something further than a social or political construction. Social life is, although not uniformly, deeply structured around “ethnic” lines, and “ethnicity” happens in a variety of different daily scenarios. “Ethnicity” is incorporated and visible not only in political projects and nationalist rhetoric, but also in daily meetings, practical categories, commonsense knowledge, cultural idioms, cognitive schemas, discursive constructions, social networks and/or institutional forms. We aim to demonstrate that the “Cape Verdean transnational ethnic identity” is being continuously built for the last centuries, as a social and sociological phenomenon. It exists not only because there was (only) a belief that presupposes its existence, but also because there are actions, interactions and social relationships that, when longitudinally analysed, prove their existence. We mentioned several examples of this activity in the USA, Portugal, Cape Verde or Argentina. We believe that is does not exist [it could never exist] a (unique) general Cape Verdean ethnic identity; on the contrary, we would be in the presence of a multiple ethnic (re)construction, therefore different in each of the countries with immigrant communities (and in the Cape Verde archipelago), resulting, on one hand, of the confrontation with the differentiating “others” and, on the other, of the contexts and conjunctures in which that interaction occurs.
Description: Tese de doutoramento em Sociologia (Sociologia da Cultura, do Conhecimento e da Comunicação), apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sob a orientação de Carlos José Cândido Guerreira Fortuna.
URI: https://hdl.handle.net/10316/17848
Rights: embargoedAccess
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