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https://hdl.handle.net/10316/24281
Title: | O Programa de Intervenção Parental ‘Anos Incríveis’: Eficácia numa amostra de crianças portuguesas de idade pré-escolar com comportamentos de PH/DA | Authors: | Azevedo, Andreia Fernandes | Orientador: | Santos, Maria João Seabra Gaspar, Maria Filomena |
Keywords: | Intervenção parental; Programa Anos Incríveis Básico para pais; Idade pré-escolar; Comportamentos de hiperatividade | Issue Date: | 3-Dec-2013 | Abstract: | Enquadramento: Os problemas de comportamentos, entre eles a hiperatividade, podem estar presentes tão cedo como em idade pré-escolar e são cada vez mais identificados nesta faixa etária. A investigação nesta área tem demonstrado que a intervenção precoce, antes de estarem presentes efeitos secundários negativos, é eficaz, podendo contribuir para prevenir ou atenuar as trajetórias desenvolvimentais desviantes da PH/DA. As intervenções psicossociais, que incluem programas para pais, são recomendadas como intervenções de “primeira linha”. Este estudo tem como principal objetivo avaliar a eficácia de um programa de intervenção parental, o Programa Anos Incríveis Básico, numa amostra de mães e de crianças portuguesas em idade pré-escolar, em risco de vir a desenvolver hiperatividade. Procura-se, também, avaliar a manutenção dos efeitos a médio prazo e analisar as diferenças na mudança, de acordo com o nível inicial de comportamentos de hiperatividade. Partindo de uma perspetiva desenvolvimental, o programa selecionado (baseado em evidência) atua simultaneamente nos fatores protetores e de risco, através do foco no sistema parental (em práticas parentais eficazes e na interação mãe-criança).
Metodologia: Participaram neste estudo 100 crianças, entre os 3 e os 6 anos de idade, de contextos clínicos ou da comunidade. Estas crianças faziam parte da amostra mais alargada de um estudo experimental. Na subamostra, usada para a presente investigação 52 crianças pertenciam ao grupo experimental e 48 ao grupo de controlo/lista de espera. Este estudo longitudinal contemplou três momentos de avaliação. Assim, todas as crianças e mães (N = 100) foram avaliadas em dois momentos, antes e 6 meses após a linha de base. Apenas as famílias do grupo experimental (n = 52) foram avaliadas no terceiro momento de avaliação, aos 12 meses após a linha de base, uma vez que ao grupo de controlo foi oferecida intervenção depois da segunda avaliação, por questões éticas. Para além dos dados sociodemográficos e clínicos iniciais, a avaliação realizada incluiu multi-informadores (pais, educadores de infância, avaliador independente), multimétodos (medidas de autorrelato e heterorrelato, entrevista, observação direta) e diferentes dimensões: comportamentos de hiperatividade da criança (resultados primários); sentido de competência parental, práticas parentais, interação pais-filhos (resultados secundários); assim como medidas de satisfação dos participantes. O programa foi implementado ao longo de 14 sessões com uma duração aproximada de 2 horas cada, em grupos de 9 a 12 pais, dinamizadas por dois facilitadores com formação específica no programa e experiência prévia na sua aplicação.
Resultados: Em relação aos nossos objetivos, salientamos como principais resultados: i. Aos 6 meses de follow-up, de acordo com a perceção das mães e educadoras de infância, verificou-se uma diminuição significativa dos comportamentos de PH/DA nas crianças cujos pais receberam intervenção, em comparação com as crianças da lista de espera. As mães dessas crianças percecionaram-se como mais competentes, reportaram menos práticas parentais disfuncionais e demostraram mais competências parentais positivas e de coaching, numa tarefa de observação da interação mãe-criança; ii. Aos 12 meses de follow-up, os efeitos de intervenção anteriormente detetados foram mantidos. No entanto, as competências de coaching das mães esbateram-se, enquanto os comportamentos de hiperatividade, avaliados através de uma entrevista, continuaram a diminuir; iii. Ambos os subgrupos de crianças com nível inicial de comportamentos de hiperatividade diferentes mudaram. Porém, no subgrupo com um nível mais elevado de comportamentos de hiperatividade na linha de base, verificou-se uma mudança mais acentuada (em sentido positivo) nos problemas relacionados com o excesso de atividade/desatenção, nas práticas parentais disfuncionais de sobrerreatividade e no humor das mães. Contudo, algumas destas crianças continuou a ser percecionada pelas mães com comportamentos caraterísticos de hiperatividade, no follow-up 12 meses; iv. Os efeitos de magnitude média a elevada detetados entre pré e pós-intervenção, e elevados entre pré e follow-up 12 meses, foram acompanhados de mudanças clínicas consideradas relevantes: 43% das crianças que receberam o programa manifestaram uma redução igual ou superior a 30% dos resultados iniciais de hiperatividade, comparativamente a 11% das crianças na lista de espera. Aos 12 meses de follow-up, a percentagem de crianças que apresentaram esta redução, considerada clinicamente relevante, aumentou ligeiramente (59% das crianças); iv. As mães revelaram elevada adesão, satisfação e aceitação, face ao programa AI.
Conclusões: Os resultados da nossa investigação são promissores e sugestivos de efeitos positivos do Programa Anos Incríveis a curto e a médio-prazo: na redução de comportamentos caraterísticos de PH/DA das crianças em contexto familiar e escolar; numa melhoria significativa das práticas parentais positivas e dos sentimentos de competência parental; e numa redução das práticas parentais disfuncionais. Por conseguinte, estes resultados sugerem, de forma preliminar, que o Programa, implementado ao longo de 14 semanas como modalidade única de uma intervenção preventiva, parece ser eficaz e fazer a diferença nos comportamentos das mães e das crianças. Uma “ferramenta” de intervenção precoce, validada internacionalmente e testada no nosso país, disponível para os profissionais portugueses, passa a constituir-se como uma opção de intervenção precoce a considerar na definição futura de políticas de intervenção preventiva nacionais. No final deste trabalho, apresentamos as principais limitações da investigação realizada e as implicações decorrentes da mesma para estudos futuros e para a prática clínica. Background: Behavioural problems, including hyperactivity, may be manifested very early on and are increasingly being identified at pre-school age. Research in this field has demonstrated that early intervention (i.e. before negative secondary effects set in) is effective and can help prevent or attenuate the deviant developmental trajectories of Attention Deficit/Hyperactivity Disorder (AD/HD). Psychosocial interventions, including parent training programmes are strongly recommended as “first-line” interventions. The main aim of this study is to assess the effectiveness of a parental intervention, the Incredible Years Basic Programme, in a sample of portuguese pre-school age children at risk of developing hyperactivity and their mothers. It also seeks to assess the extent to which these effects were maintained in the medium term and to analyse the differences in the change in accordance with the child’s initial hyperactivity level. Starting from a developmental perspective, the selected programme (which is evidence-based) acts simultaneously on protective and risk factors by focusing on the parental system (effective parenting practices and the mother-child interaction). Methodology: One hundred children aged 3 to 6 years of age participated in this study, having come from different clinical or community contexts. These children formed part of a broader experimental study. In this subsample, 52 children were from the experimental group and 48 from the waiting-list group. This longitudinal study involved assessments in three different times. All children and mothers (N = 100) were assessed twice, before baseline and 6 months after it, while only the families from the experimental group (n = 52) were assessed a third time, 12 months after baseline (this was because the control group was offered the intervention after the second assessment for ethical reasons). In addition to the initial socio-demographic and clinical data, the assessment included multiple informers (parents, pre-school teachers, independent assessors), multiple methods (self-report and reported measures of children’s behaviour, interview, direct observation) and different dimensions (child hyperactivity behaviour [primary results]; parental sense of competence and parental practices, parent-child interaction [secondary results]) and participant-satisfaction measures. The programme was implemented over 14 sessions lasting approximately 2 hours each in groups of 9 to 12 parents, led by two facilitators with specific training in the programme and prior experience of applying it. Results: With regard to our objectives, the main results were as follows: i. At 6-month followup, in accordance with the perception of mothers and pre-school teachers, there was a significant reduction in AD/HD behaviours amongst the children whose parents had received the intervention compared to the children on the waiting list. The mothers of those children perceived themselves to be more competent, reported fewer dysfunctional parenting practices, and demonstrated more positive parenting practices and coaching skills in a mother-child interaction observation task; ii. At 12 months follow-up, the previously detected effects of the intervention were maintained. However, the mothers’ coaching skills had waned, while the hyperactivity behaviours as assessed through an interview, continued to drop; iii. Both subgroups of children (with different hyperactivity levels at the baseline) changed. However, the change was more marked (positively) in the subgroup with the highest level of hyperactivity behaviour at baseline as regards problems related to hyperactivity/attention deficit, dysfunctional parental practices of overreactivity and mothers’ mood. Despite this, some of these children continued to be perceived by their mothers as displaying characteristic hyperactivity behaviours at the 12-month follow-up; iv. The medium- and large- intervention effects detected between pre- and post-intervention, and the large effects between preintervention and 12-month follow-up were accompanied by clinical changes considered to be important: 43% of children that received the programme showed a reduction of 30% or more with relation to their initial hyperactivity results, compared to 11% of children on the waiting list. At 12 months’ follow-up the percentage of children who displayed such a reduction (considered clinically significant) increased slightly (59% of children); v. The attendance rates amongst mothers was high, and they also revealed high satisfaction with the programme and acceptance of it. Conclusions: The results of our study are promising, suggesting that the Incredible Years Programme brings positive effects in the short and medium term in the following dimensions: reduction of AD/HD behaviours in children at home and at school context; significant improvement in positive parenting practices and parental sense of competence; and a reduction of dysfunctional parenting practices. Consequently, these results suggest that, if the programme is implemented over 14 weeks as a single form of preventive intervention, like it was in this study, it may make an effective difference to the behaviour of mothers and their children. Thus, this early-intervention tool (which has been internationally validated and tested in Portugal and is available for Portuguese professionals) becomes a valid early-intervention option to be considered when defining future national preventive intervention policies. At the end of this study, we present the main limitations of the research and its implications for future studies and clinical practice. |
Description: | Tese de doutoramento em Psicologia Clínica apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra | URI: | https://hdl.handle.net/10316/24281 | Rights: | embargoedAccess |
Appears in Collections: | FPCEUC - Teses de Doutoramento |
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