Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/27603
Title: A Nuvem e Juno. Praças e cultura urbana no Sul de Portugal no início da idade moderna
Authors: Almeida, Rogério Paulo Vieira de 
Orientador: Correia, José Eduardo Horta
Rossa, Walter
Keywords: Praça; História cultural da cidade; Urbanismo; Morfologia e análise urbana; Town square; Urban cultural history; Urban morphology and analysis
Issue Date: 20-Feb-2015
Citation: ALMEIDA, Rogério Paulo Vieira de - A nuvem e juno : praças e cultura urbana no sul de Portugal no início da idade moderna. Coimbra : [s.n.], 2015. Tese de doutoramento. Disponível na WWW: http://hdl.handle.net/10316/27603
Abstract: As praças do Sul de Portugal eram, em 1532, diversas na sua formação, como diversas eram as realidades urbanas, sociais e culturais das vilas e cidades em que se situavam. Entre aquelas, havia praças novas dentro de grandes cidades, praças novas em arrabaldes, praças medievais intra-muros, e praças encostadas a muralhas. A existência destes diferentes casos não pode ser explicada pelas reformas jurídicas e pelo processo de centralização administrativa normalmente associados ao início da idade moderna e, sobretudo, ao reinado de D. Manuel. De igual forma, a influência das teorias renascentistas e dos tratados de arquitectura estava longe de se poder fazer sentir mesmo na primeira metade do século XVI. Para além disso, muitos destes espaços mostram continuidades com práticas urbanas anteriores, designadamente do fim da idade média. E, no entanto, em pleno século XVI, é o termo “praça” que é aceite e proposto para designar esses mesmos espaços. É a partir destas constatações que surge a questão a partir da qual este trabalho se organiza: O que era, na cultura do tempo, uma praça, e o que é que podia ser entendido como tal? Tal análise implica um primeiro nível de reconstituição, de forma a identificar o lugar e situação de cada uma dessas praças, e caracterizar a sua realidade material: forma, espaço e edifícios. Depois, assume-se como pressuposto que a realidade cultural em Portugal não era um 1 contexto genericamente caracterizável. Para além da clara diferença entre o Norte e o Sul do país que as fontes confirmam, uma análise próxima de cada uma das vilas revela que também entre elas existiam grandes diferenças. Acresce que a formação das diversas praças ocorreu não só em tempos distintos, como em circunstâncias também muito variáveis – umas terão sido simples e lentas apropriações de espaços livres já existentes, outras rápidas operações de abertura e construção de um espaço. Não é pois um “contexto nacional” monolítico que explica ou ajuda a situar a formação das praças, mas sim múltiplos contextos. Neste âmbito, é o inventário das diferenças que, a um segundo nível, permite caracterizar de forma o mais precisa possível as circunstâncias que acompanharam a formação das praças: a cronologia, os agentes, as hesitações, os “imprevistos”. A partir desse, procura-se demonstrar que quer a forma quer o processo de formação das praças resulta de uma interacção de agentes e poderes em que os intervenientes locais têm uma importância decisiva, a qual não pode ser confundida com uma cultura dominante forjada por determinações da corte nem com uma influência artístico-científica originada na Península Itálica ou pela expansão portuguesa. Este reconhecimento conduz à recolha de indícios e sinais de uma actuação que precede a intervenção da cultura de elite. A cultura urbana – não erudita, local e quotidiana – tem obviamente raízes num universo mais alargado, no mundo medieval, na cultura europeia. Estas ligações a outros tempos e locais verificase sobretudo por se tratarem de procedimentos relativamente elementares de acção sobre o território e sobre a cidade. É neste quadro de partilha de conhecimentos comuns que tinham lugar as transformações urbanas. Não se tratavam de processos exclusivos de acção sobre as cidades, a forma destas sendo o resultado do processo de interacção entre níveis diversos e conflituais de cultura.
The praças (squares) of Southern Portugal were, in 1532, diverse in their origins, as diverse were the urban, social and cultural realities of the towns and cities in which they were found. Amongst them, there were new praças within large cities, new praças on the outskirts of towns or cities, medieval praças within walled precincts, and praças next to city walls. The existence of these different forms cannot be explained in terms of legal reforms or the process of administrative centralization usually associated with the beginning of the early modern period and, in particular, with the reign of King Manuel I. Similarly, the influence of Renaissance theories and architectural treatises hardly made itself felt, even in the first half of the Sixteenth Century. Furthermore, many of these spaces display continuities with previous – particularly late medieval – urban practices. Nevertheless, the term which during the Sixteenth Century was proposed and accepted to designate these spaces was praça. These considerations underlie the problem round which this thesis will be organized. What was, in the culture of that period, a praça, and what could be understood as such? Such an analysis implies a first level of reconstitution, which consists in identifying the location and situation of each one of these praças, and describing it in material terms – form, space and buildings. Further, the thesis assumes that there was 3 no single cultural reality in Portugal which can be taken as a generic context. Over and above the clear difference between the North and South of the country, confirmed by the sources, a closer analysis of individual towns reveals the existence of considerable differences between them. Furthermore, these different praças took shape not only at different times, but in very variable circumstances: some will simply have resulted from the gradual appropriation of existing free land, others from the rapid clearing and edification of an open space. There is thus no monolithic “national context” which might explain or help to situate the formation of the praças, but rather a multiplicity of contexts. In these terms, and at a second level of reconstruction, it is an inventory of differences that will make possible as precise a characterization as possible of the circumstances which accompanied the formation of these praças: the chronology, the agents, the hesitations, the role of the unexpected. On this basis, an attempt will be made to demonstrate that both the shape and the process itself through which the praças were formed reflect an interaction of agents and powers in which local elements are of decisive importance, and cannot be confused with a dominant culture shaped by the Court or with any scientific or artistic influences originating from Italy or from Portuguese overseas expansion. Recognition of this fact leads to an attempt to collect indices and signs of an intervention which is prior to that of elite culture. Urban culture – everyday, local, non-erudite – obviously has its roots in a much wider universe, in the medieval world, in European culture. These links to other times and places occur above all because these are relatively elementary procedures and forms of action on the land and the city. Urban transformation took place within this frame of shared common forms of knowledge. They were not forms of action exclusive to urban intervention, their shape being the result of a process of interaction between different, conflicting, levels of culture.
Description: Tese de doutoramento em Arquitectura, no ramo de Teoria e História da Arquitectura, apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/27603
Rights: openAccess
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