Alzheimer e vacinas terapêuticas

Abstract

A doença de Alzheimer (AD) é uma doença progressiva, multifatorial e complexa, em que a fisiopatologia antecede cerca de 10 a 20 anos o aparecimento de sintomas clínicos. Ao longo dos anos, a patogénese da AD tem sido associada com a acumulação, deposição e agregação do péptido β-amilóide (Aβ) no cérebro e com a formação de emaranhados neurofibrilares (NFT) que consistem na deposição de tau hiperfosforilada sob a forma de filamentos helicoidais. Como nenhum dos postulados já conhecidos, per si, é suficiente para justificar o aparecimento da doença, surgem já outras hipóteses tais como a teoria neuroquímica e a da inflamação crónica para tentar justificar a fisiopatologia desta doença multifatorial. Um dos grandes desafios da comunidade científica é encontrar um tratamento ou uma cura para a AD, já que atualmente as estratégias terapêuticas disponíveis permitem apenas controlar os sintomas e retardar a progressão da doença. Neste sentido, e com o avanço do conhecimento dos mecanismos celulares e moleculares subjacentes a esta patologia, têm sido identificadas novas formas de tratamento como por exemplo a imunização ativa, através de vacinação. Desde o ano de 2000, muitos ensaios clínicos começaram, falharam e continuaram a ser seguidos no sentido de se aferir uma resposta terapêutica benéfica. Nesta monografia pretende-se rever a epidemiologia, a fisiopatologia da AD, o tratamento atualmente disponível e ainda aquela que poderá vir a ser uma alternativa no futuro – a vacinação terapêutica.

Alzheimer’s Disease (AD) is a progressive, multifactorial and complex disease in which the physiopathology may precede 10 to 20 years the appearance of clinical symptoms. Over the years, the pathogenesis of AD has been associated with accumulation, aggregation and deposition of amyloid beta peptides (Aβ) in the brain concomitantly with the development of neurofibrillary tangles that consist in deposition of hyperphosphorylated tau protein under the form of helical filaments. As none of the postulates already known, per se, can justify the AD appearance, another hypothesis emerges, as like as neurochemical and chronic inflammation theories trying to give an answer to this multifactorial disease. One of the biggest challenges of the scientific society is to find a treatment or a cure for AD because actually the available treatments can only control the symptoms and slow up the progression of Alzheimer’s Disease. As new insights into disease are discovered emerge the necessity of finding new drugs and new ways of treatment such as active immunization trough vaccination. Since 2000, many clinical trials have started, have failed and are continued to be pursued to find therapeutic benefits. In these monography it will be reviewed the epidemiology, the physiopathology and the treatments actually available, as well as the possible alternative to the future – therapeutic vaccines.