Arquitetura em Bali: os símbolos criadores do espaço

Abstract

A arquitetura é feita de espaços e estes podem ser criados e interpretados sob diferentes perspectivas. A análise arquitetônica não se limita ao espaço construído e estende-se aos espaços livres não edificados, porém efetivamente vivenciados. Neste sentido, a presente dissertação analisa o conceito dos espaços de transição na ilha de Bali, Indonésia, através da interpretação dos comportamentos e simbologias culturais fundamentadores destes espaços. Aos espaços de transição corresponde também a noção dos espaços livres, abertos e o openspace. Apesar de, numa primeira análise, estes serem conceitos condizentes, mas não idênticos, em Bali esta associação de ideias faz todo o sentido visto que na cultura balinesa um mesmo espaço representa todas estas características ao mesmo tempo. O espaço vazio que em princípio apenas permeia as construções e a malha urbana ganha a força de um palco, sala, pátio ou jardim de acordo com o comportamento adotado perante o espaço em determinada circunstância. Deste modo, a ideia de espaço aberto e livre não apenas se mantém, como se alia ao conceito de transição à medida que as permanências dinâmicas e temporárias configuram um estado permanente de transição. O objetivo é, portanto, perceber a influência da cultura, conduta e simbologia balinesas na formação dos espaços e elementos de transição no sentido de compreender e interpretar as motivações que levam a arquitetura a ser o resultado e não a razão do surgimento destes espaços.

Architecture is made up of spaces and spaces can be created and interpreted from different perspectives. Architectural analysis is not limited to the built space and extends to the unbuilt free spaces which are effectively lived. In this sense, the present dissertation analyzes the concept of transition spaces on the island of Bali – one of the thousand Indonesia islands – through the interpretation of the cultural behaviors and symbologies that underlie these spaces. Transition spaces also correspond to the notion of free and open spaces. Even though, in the first analysis, these concepts are similar, they are not identical; but in Bali this association makes perfect sense once in the Balinese culture the same space represents all these characteristics at the same time. The empty space that in principle only permeates the buildings and the urban environment gains the strength of a stage, room, courtyard or garden according to the behavior adopted in space in a specific circumstance. In this way, the idea of open and free space is not only maintained, it is also associated with the concept of transition as the dynamic and temporary permanence constitutes a permanent state of transition. The objective is, therefore, to understand the influence of the Balinese culture, behavior and symbology in the formation of spaces and elements of transition in the sense of understanding and interpreting the motivations that lead the architecture to be the result and not the reason for the emergence of these spaces.