ABSTRAÇÃO, FRAGMENTO E MANIPULAÇÃO: Lugares da Fotografia de Arquitetura

Abstract

Propõe-se que a presente dissertação se apresente como uma reflexão acerca do significado e aceitação da imagem arquitectónica, estabelecendo uma relação entre a mesma e as possíveis conotações da imagem enquanto fonte de cultura visual em permanente transformação. Exploram-se diferentes hipóteses de semantização da representação fotográfica da arquitetura, isto é, como a arquitetura e o espaço por ela problematizado se tornam imagem, como o significado dessa imagem atravessa a intenção documental, o exercício estético-formal e o utilitarismo propagandístico/ publicitário e converge numa crescente autonomização e fortuna crítica desse tipo de iconografia ao ponto em que o objecto físico cede lugar ao espaço virtual, potencialmente poético da sua substituição fotográfica.Para isso, pretende-se questionar a idealização fotogénica, a cultura fotográfica e de manipulação, enquadramento e correção da experiência da arquitetura praticada pelo Movimento Moderno no seu uso da fotografia: um processo que se destinava a “construir” visualmente a ficção da “imagem perfeita” que “fala”, “testemunha” o objecto perfeito; apresenta-se, nesse sentido, uma “imagem informal”, que pode levar o espectador a repensar a disciplina através de obras de três fotógrafos contemporâneos. Estes artistas distanciam o espectador da fotografia de arquitetura totalizante e reconhecível do cliché documental, dando primazia a uma visão subjetiva que obriga o observador a participar na construção de um todo imaginário.

This dissertation is a reflection on the meaning and acceptance of the architectural image, establishing a relation between the object and the possible connotations of the image as a source of visual culture in permanent transformation. We explore different ways of semantization of the photographic representation of architecture, that is, how the architecture and the space’s problematized become an image, how the meaning of this image crosses the documentary intention, the aesthetic-formal exercise, and the propaganda/ utilitarianism and converges in a growing autonomization and critical fortune of this type of iconography to the point where the physical object gives way to the virtual space, potentially poetic of its photographic substitution.In order to do so, we intend to question the photogenic idealization, the photographic culture and manipulation, framing and correction of the experience of the architecture practiced by the Modern Movement in its use of photography: a process that was designed to visually construct the fiction of the “Perfect Image” that “speaks,” witnesses “the perfect object; so is presented an “informal image” that can lead the viewer to rethink the discipline through the works of three contemporary photographers. These artists distance the viewer from the totalizing and recognizable architectural photography of the documentary cliché, giving primacy to a subjective vision that obliges the observer to participate in the construction of an imaginary whole.