Lesão hepática secundária em cuidados intensivos pediátricos: factores de risco e impacto no prognóstico

Abstract

O fígado tem uma importante função na resposta sistémica na doença grave. A disfunção hepática é comum entre os doentes críticos, apresentando-se com dois padrões: citólise e disfunção hepática colestática. Estes estão bem caracterizados em estudos de adultos, sendo menos conhecidos na pediatria. Numa tese anterior, foram explorados o padrão e prognóstico da lesão hepática secundária em cuidados intensivos pediátricos. Verificou-se que a lesão hepática tipo citólise ocorreu em 5% e a colestase ocorreu em 11% dos casos, sendo a primeira mais precoce. A mortalidade foi a única variável que diferenciou os grupos de lesão hepática secundária, sendo mais elevada no da citólise tal como ocorre nos adultos. O seu reconhecimento precoce e impacto prognóstico, devem levar à instituição de estratégias de suporte de falência de órgão. Neste sentido, o conhecimento de fatores de risco associados seria relevante. Os objetivos deste projeto serão determinar os fatores de risco associados a lesão hepática secundária em crianças admitidas em cuidados intensivos e avaliar o impacto desta na mortalidade.Para o efeito será efetuado um estudo observacional analítico, cuja colheita de dados será prospetiva ao longo de 24 meses. Serão incluídas crianças e/ou adolescentes admitidos no Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital Pediátrico e excluídos recém-nascidos e crianças com doença hepática primária. Serão analisadas as seguintes variáveis: idade, género, grupo diagnóstico, comorbilidades, cirurgia, sépsis, INR, hiperglicémia, utilização e duração de nutrição parenteral, paracetamol, antibióticos e antiepiléticos e a duração do internamento. O PIM3, assim como o PELOD-2 e mortalidade também serão analisados. Serão comparados os doentes com lesão hepática secundária, definida por: ALT ≥100 UI/L e/ou GGT ≥100 UI/L e/ou bilirrubinadireta ≥30 μmol/L e os sem lesão hepática secundária para identificar os fatores de risco associados.

he liver has an important role in the systemic response in severe disease. Hepatic dysfunction is common among critically ill patients, presenting with two patterns: cytolysis and cholestatic liver dysfunction. These are well characterized in adult studies, being less well known in pediatrics. In a previous thesis, the pattern and prognosis of secondary hepatic injury in pediatric intensive care were explored. It was verified that the hepatic lesion type occurred in 5% and cholestasis occurred in 11% of the cases, the first one being more precocious. Mortality was the only variable that differentiated the groups of secondary hepatic lesions, being higher in the cytolysis group as it occurs in adults. Its early recognition and prognostic impact should lead to the institution of organ failure support strategies. In this sense, the knowledge of associated risk factors would be relevant.The objectives of this project will be to determine the risk factors associated with secondary hepatic injury in children admitted to intensive care and to assess the impact of this on mortality.For this purpose an observational analytical study will be carried out, whose data collection will be prospective over 24 months. Children and / or adolescents admitted to the Intensive Care Unit of the Pediatric Hospital will be included, and newborns and children with primary liver disease will be excluded. The following variables will be analyzed: age, gender, diagnostic group, comorbidities, surgery, sepsis, INR, hyperglycaemia, use and duration of parenteral nutrition, paracetamol, antibiotics and antiepileptics and duration of hospitalization. The PIM3, as well as the PELOD-2 and mortality will also be analyzed. Patients with secondary hepatic lesion, defined as: ALT ≥100 IU / L and / or GGT ≥100 IU / L and / or direct bilirubin ≥30 μmol / L and those without secondary hepatic injury to identify the associated risk factors.