Relação da capacitação, conhecimentos e qualidade de vida com a empatia médica na Diabetes Mellitus tipo 2

Abstract

Introdução: o aumento da esperança média de vida tem levado a um aumento da prevalência de doenças crónicas, como é o caso da diabetes. Esta tem uma necessidade de cuidados permanentes por parte dos doentes, uma vez que um melhor controlo metabólico faz parte de uma das principais formas de prevenir ou atrasar o aparecimento de complicações relacionadas com a doença. Como qualquer doença crónica, também a diabetes pode ter impacto na qualidade de vida do doente, sendo premente que sejam percebidas quais a melhores estratégias que possam contribuir para minorar o impacto da doença na vida de quem sofre desta condição.Objetivo: avaliar, num grupo de pessoas com o diagnóstico de Diabetes Mellitus (DM2), se existe relação entre a empatia com o seu médico de família e a sua capacitação, conhecimentos e qualidade de vida. Outro objetivo será perceber se existem diferenças em função do controlo metabólico da DM2, avaliado através dos dois últimos valores de HbA1c.Métodos: estudo observacional transversal em amostra de conveniência de pessoas com DM2 da Unidade de Saúde Familiar (USF) Condeixa. Foram recolhidos os dados de 32 diabéticos entre 21 de agosto de 2017 e 17 de outubro de 2017. Foi aplicado, após a consulta médica e através de entrevista, um instrumento que incluía as versões portuguesas de cinco questionários – DES-SF, DKT, DHP-18, EQ-5D e JSPPPE-VP –, um consentimento informado e uma caracterização sociodemográfica e clinico-laboratorial dos diabéticos entrevistados. Realizou-se análise estatística descritiva e inferencial dos dados.Resultados: Amostra de 32 indivíduos, 65,6% do sexo feminino, com uma idade média de 69,00±8,62 anos, um valor médio das duas últimas HbA1c conhecidas de 6,99±0,95% e um tempo médio de diagnóstico da diabetes de 14,25±10,22 anos. A média das pontuações finais do DES-SF de 3,76±0,76, no DKT registou-se uma média de 47,83±15,26% de respostas certas, o DHP-18 teve pontuações médias de 0,39±0,43, 0,86±0,47 e 0,99±0,66 nos domínios do sofrimento psicológico, barreiras à atividade e alimentação desinibida, respetivamente, o EQ-5D teve uma média de 0,87±0,19 e o JSPPPE obteve uma pontuação média de 6,46±0,87. Verificou-se correlação com significância estatística entre a empatia e o controlo metabólico (HbA1c) e correlações sem significado estatístico entre a empatia e as pontuações finais do DES-SF, DKT, DHP-18 E EQ-5D.Discussão e Conclusão: o estudo revelou uma boa auto-eficácia por parte dos doentes diabéticos, baixo nível de conhecimentos sobre a doença, boa qualidade de vida, com pouco sofrimento psicológico e poucas barreiras às atividades, mas revelando algum descontrolo na alimentação. Foi encontrada correlação com significância entre a empatia e a média dos dois últimos valores de HbA1c (p=0,020; ρ=0,411), revelando que uma melhor empatia pode estar relacionada a valores mais elevados de HbA1c.

Introduction: the increase in average life expectancy has led to an increase in the prevalence of chronic diseases such as diabetes. It needs for ongoing care by patients, since a better metabolic control is one of the main ways to prevent or delay the onset of disease-related complications. Diabetes, as any chronic disease, can have impact on patient's quality of life being imperative that we realize which strategies can help to reduce that impact in patient’s life.Objective: to evaluate, in a group of people diagnosed with Diabetes Mellitus (DM2), whether there is a relationship between empathy with their family doctor and their capacitation, knowledge and quality of life. Other objectives will be to realize if there are differences about the metabolic control of DM2, evaluated through the last two values of HbA1c.Methods: cross-sectional observational study with a convenience sample of patients with DM2 from the Condeixa’s Family Health Unit (USF). Data, referring to 32 diabetic patients, was collected between August 21st, 2017 and October 17th, 2017. It was performed, after the medical consultation and through an interview, an instrument including the Portuguese versions of five questionnaires - DES-SF, DKT, DHP-18, EQ-5D and JSPPPE-VP -, informed consent and sociodemographic characterization and clinical-laboratory study of the interviewed diabetics. A descriptive and inferential statistical analysis was performed.Results: A sample of 32 individuals, 65.6% female, mean age of 69.00 ± 8.62 years, an average value of the two known HbA1c of 6.99 ± 0.95% and an average time since diagnosis of 14.25 ± 10.22 years. The mean of DES-SF final score was 3.76 ± 0.76, non-DKT was averaged 47.83 ± 15.26% of correct answers, DHP-18 had mean scores of 0.39 ± 0.46, 0.86 ± 0.47 and 0.99 ± 0.66 in the areas of psychological distress, barriers to activity and uninhibited eating, respectively, the EQ-5D had a mean of 0.87 ± 0.19 and JSPPPE obtained an average score of 6.46 ± 0.87. There was a significant correlation between empathy and metabolic control (HbA1c) and correlations with no statistical significance between empathy and final scores of DES-SF, DKT, DHP-18 and EQ-5D.Discussion and Conclusion: the study revealed good self-efficacy between patients with diabetes, low knowledge content about the disease, good quality of life with low levels of psychological suffering and few barriers to activities, but revealed some lack of control in the diet. A correlation with significance was found between empathy and the average last two HbA1c values (p = 0.020; ρ = 0.411), revealing that a better empathy may be related to higher values of HbA1c.