O uso da prata na medicina no combate à infeção

Abstract

A prata tem sido utilizada empiricamente no combate à infeção datando desde há seis milénios, muito antes do advento dos antibióticos no séc. XX.Atualmente, com o avanço da Ciência e da Tecnologia, a descoberta dos mecanismos de formação dos biofilmes e dos mecanismos da prata no seu combate, a utilização deste metal nobre é transversal a quase todos os campos da Medicina, quer em áreas médicas quer cirúrgicas, no tratamento e prevenção da infeção em feridas, deiscência de sutura e com grande relevo na produção de próteses e dispositivos biomédicos. Na área da Ortopedia, mais especificamente no combate e profilaxia da infeção usa-se a prata como revestimento de endomegapróteses, com taxas de sucesso significativas, que têm vindo a mudar o paradigma do tratamento da infeção periprotética.Pretende-se com este trabalho apresentar com o devido relevo e pormenor os mecanismos antimicrobianos da prata e a sua importância na Medicina moderna no combate à infeção.Para tal recorreu-se a uma pesquisa bibliográfica na Pubmed e na Embase com as palavras chave indicadas, foram consultados um total de 96 artigos dos quais se selecionou os 38 mais relevantes para o tema em questão.A análise da literatura selecionada permitiu concluir que a prata tem um efeito antibacteriano bem documentado sobre as formas bacterianas planctónicas e sésseis, inibindo a formação de biofilmes associados a dispositivos biomédicos. A incorporação de tecnologia de prata em implantes ortopédicos mostra um claro benefício de sobrevivência do implante no que diz respeito à infeção, sem apresentar efeitos colaterais locais ou sistémicos, se usado de forma controlada. Isto é especialmente importante para o tratamento de pacientes que possam estar propensos a infeções articulares, como doentes oncológicos e ou imunocomprometidos, ou que requeiram cirurgia revisão protética. Serão por isso necessários mais estudos prospetivos, randomizados e controlados, com amostras maiores e mais tempo de follow-up para confirmar estes resultados e para que num futuro próximo as megapróteses revestidas prata se tornem no gold-standard em todos os casos para que estão indicadas.

Silver has been used empirically in the fight against infection dating back six millennia long before the advent of antibiotics in the 20th century. Currently, with the advancement of Science and Technology, the discovery of the mechanisms of formation of biofilms and the mechanisms of silver in its combat, the use of this noble metal is transversal to almost all fields of medicine, in medical and surgical areas, in the treatment and prevention of wound infection, suture dehiscence and with great prominence in the production of prostheses and biomedical devices.In the area of Orthopedics, more specifically in the combat and prophylaxis of infection silver is used as a coating of endomegaprostheses, with significant success rates, which have been changing the paradigm of the treatment of periprosthetic infection.It is intended with this work to present with due importance and detail the antimicrobial mechanisms of silver and its importance in modern medicine in the fight against infection.To do this, a bibliographic search was done in Pubmed and Embase with the indicated keywords, a total of 96 articles were consulted, from which the 38 most relevant for the subject in question were selected.The analysis of the selected literature allowed to conclude that the silver has a well-documented antibacterial effect on the planktonic and sessile bacterial forms, inhibiting the formation of biofilms associated to biomedical devices. The incorporation of silver technology into orthopedic implants shows a clear implant survival benefit with respect to infection without local or systemic side effects if used in a controlled manner. This is especially important for the treatment of patients who may be prone to joint infections, such as cancer patients and / or immunocompromised patients, or who require prosthetic revision surgery.Further prospective, randomized and controlled studies will therefore be required with larger samples and longer follow-up time in order to confirm these results and in order to in the near future silver-coated megaprostheses become the gold standard in all cases for which they are indicated.