Controlo invisível do corpo: A cobertura mediática da vacinação contra o HPV no Brasil

Abstract

Considering the importance of investigating the role of the media in construct problems and social issues, this research aims to understand how the Brazilian mainstream media constructed the knowledge about human papillomavirus (HPV) during the Brazil’s Ministry of Health campaign. In this study, we take a feminist perspective to analyze the media coverage about Brazilian HPV vaccination for five years (2014-2018). The corpus is based on online news of the three main Brazilian journals: Folha de S.Paulo, O Globo and O Estado de S. Paulo. We intend to find which patterns of representation of the virus HPV are developed, namely: who writes about the theme, who are visible on news, who are the principal sources, and which functions they play on news. In addition, we also identify discourse patterns which are pointed out on press coverage of HPV vaccination. The research examines which perspectives control the comprehension of HPV vaccination, as also how the binomial risk/prevention is articulated with gender and how subjectivities emerge from news. To answer these questions, we used two different methods of analysis that are connected. The first one is quantitative, content analysis, and the second is qualitative and involves Critical Discourse Analysis (CDA). From the results achieved, it is discussed how the media coverage reproduce power over the female body and gender stereotypes, while at the same time a dominant political framing is elected for constructing the HPV vaccination.

Considerando a importância de investigar o papel dos media na construção dos problemas e questões sociais, a presente investigação tem por objetivo compreender como os media mainstream brasileiros construíram o conhecimento sobre o Papilomavírus Humano (HPV) durante o período da campanha de vacinação do Ministério da Saúde do Brasil. A partir de uma perspetiva feminista, analisamos a cobertura mediática desenrolada pelos jornais Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo durante os cinco anos de campanha de vacinação (2014-2018), tomando como objeto as peças jornalísticas publicadas nas respetivas edições online. Procurámos saber quais os padrões de representação do HPV, nomeadamente: quem escreve sobre o assunto, quem são as pessoas visíveis nas peças jornalísticas e que funções desempenham e quem são as principais fontes de informação usadas. Procurámos ainda identificar os padrões discursivos que se destacam na cobertura informativa da vacinação contra o HPV. Quisemos em concreto saber que perspetivas dominam a compreensão da vacinação, como é o binómio risco/prevenção articulado com o género dos indivíduos e que formas de subjetividade emergem das notícias. Para responder a estas questões recorremos a dois métodos de análise distintos, que interligámos: a análise de conteúdo e a Análise Crítica do Discurso. A partir dos resultados alcançados, discutimos como a cobertura mediática reproduz operações de poder sobre o corpo feminino e estereótipos de género, ao mesmo tempo que elege a política como um enquadramento dominante para construir a vacinação contra o HPV.