Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/89975
Title: Argumentação e Filosofia: De Toulmin e de Perelman a Popper
Other Titles: Argumentation and Philosophy: From Toulmin and Perelman to Popper
Authors: Monteiro, Carlos Alexandre Almeida Vieira
Orientador: Ribeiro, Henrique Carlos Jales
Keywords: argumentação; Perelman; Popper; racionalismo crítico; Toulmin; argumentation; critical rationalism; Perelman; Popper; Toulmin
Issue Date: 26-Jul-2019
metadata.degois.publication.title: Argumentação e Filosofia: De Toulmin e de Perelman a Popper
metadata.degois.publication.location: Universidade de Coimbra
Abstract: A presente dissertação tem como objetivo mostrar como o modelo epistemológico que Karl Popper defende e que designa por “método de tentativa e erro” pode ser visto como uma teoria da argumentação. Por “teoria da argumentação”, referimo-nos a uma abordagem teórica e filosófica que parte dos trabalhos de Stephen Toulmin e Chaïm Perelman e que “transforma” os problemas da filosofia em problemas de argumentação e de retórica. A primeira parte da dissertação estudará em que consiste essa transformação e o modo como ela se dá, explorando, para esse efeito, o contexto-histórico filosófico em que os dois autores escrevem, o qual é marcado por uma tendência intelectual designada por “pós-modernidade” e que se pode caracterizar por um ceticismo generalizado em relação às possibilidades de fundamentação do conhecimento e da razão humana. De forma a compreender este contexto, é importante explorar também o modo como a modernidade filosófica deu lugar à pós-modernidade, e como os ideais otimistas daquela deram lugar ao pessimismo e niilismo desta, assim como o modo como Toulmin e Perelman conseguem devolver à filosofia os ideais perdidos da modernidade, ao oferecerem uma alternativa ao pessimismo da pós-modernidade: a retórica e a teoria da argumentação, que operam segundo uma metodologia teórica que “divide” a racionalidade humana em dois campos, o do “racional” e o do “razoável”, e que, como tal, possibilita que a própria argumentação funcione como base para a edificação do conhecimento. A segunda parte explorará as obras mais importantes de Karl Popper e estudará o modelo epistemológico que Popper nelas construiu, o “racionalismo crítico”. Em seguida, mostrará como esse modelo pode ser visto como um modelo de argumentação nos moldes em que Toulmin e Perelman definem argumentação, isto é, o racionalismo crítico pode ser visto como um modelo teórico que assenta na noção de que é a própria argumentação que deve servir como base para a edificação de todo o conhecimento, ilustrando desse modo as mesmas conceções teóricas que esses filósofos têm em relação à racionalidade humana, nomeadamente, a noção de que esta não assenta em qualquer base objetiva do mundo e que, como tal, apenas conseguimos atingir alguma coisa como a “objetividade” através da crítica e refutação de declarações pré-existentes sobre o mundo. Tendo isto em conta, podemos afirmar que tanto em Popper como em Toulmin e Perelman, a racionalidade é essencialmente conjetural e argumentativa, o que significa que é na base da própria argumentação, nomeadamente nas dimensões práticas desta, que todo o conhecimento, e consequentemente toda a filosofia, se podem estabelecer.
This dissertation has the goal of showing how Karl Popper’s epistemological model of “trial and error” can be seen as a theory of argumentation. By “theory of argumentation”, we mean a theoretical and philosophical approach that stems from Stephen Toulmin and Chaïm Perelman’s work and “transforms” philosophical problems into problems of argumentation and rhetoric. The first part of this dissertation will study what this transformation is and how it occurs. For this purpose, we will explore the historical-philosophical context in which these philosophers write, which is marked by an intellectual trend called “postmodernism” that can be characterized by a general skepticism about the possibilities of justifying knowledge and of human reason. In order to understand this context, it is important to explore how philosophical modernity gave way to postmodernism and how the optimistic ideals of the former gave way to the pessimism and nihilism of the latter. It is also relevant to know how Toulmin and Perelman are able to bring back to philosophy the lost ideals of modernity, by providing an alternative to postmodernism’s pessimism — rhetoric and theory of argumentation, which operate according to a theoretical methodology that “divides” human rationality into two fields — the “rational” and the “reasonable” — and, therefore, allows argumentation to work as a basis for building knowledge. The second part will explore Karl Popper’s most important works and study the epistemological model he developed: “critical rationalism”. We will then show how this model can be seen as a model of argumentation, according to Toulmin and Perelman’s definition of argumentation. That is to say, critical rationalism can be seen as a theoretical model based on the notion that argumentation itself should be the basis for building all knowledge. This illustrates that the same theoretical views of human rationality held by these philosophers — the notion that knowledge is not based on any objective basis of the world and, therefore, something like “objectivity” can only be achieved through criticism and refutation of pre-existing statements about the world. Considering this, we can assert that, both in Popper and in Toulmin and Perelman, rationality is essentially conjectural and argumentative. This means that argumentation itself, namely in its practical dimensions, can be the basis upon which all knowledge, and thus all philosophy, can be established.
Description: Dissertação de Mestrado em Filosofia apresentada à Faculdade de Letras
URI: https://hdl.handle.net/10316/89975
Rights: openAccess
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