Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/94223
Title: Quando a Escrita quebra o Silêncio: A Morte da Mãe (1979) de Maria Isabel Barreno
Authors: Cardoso, Raquel Maria Correia
Orientador: Nascimento, Adriana Bebiano
Keywords: autoria feminina; literatura portuguesa contemporânea; cânone; mulheres; corpo; women authorship; contemporary Portuguese literature; canon; women; language; body
Issue Date: 22-May-2020
metadata.degois.publication.location: Coimbra
Abstract: A revisitação de obras de autoria feminina e a sua (re)leitura ginocrítica são estratégias cruciais na investigação académica atual na área dos estudos literários feministas. É no contexto da literatura portuguesa contemporânea, e da escassa presença de uma tradição literária de autoria feminina no cânone literário português, que pretendo ancorar este estudo sobre A Morte da Mãe de Maria Isabel Barreno (1939-2016). Publicado em 1979, cinco anos depois da Revolução de Abril de 1974, este livro, um romance-ensaio, é uma interrogação sobre as origens e o poder das narrativas patriarcais dominantes na configuração das mulheres e do feminino. (Re)conhecida também como uma das “três Marias”, nome dado ao processo judicial instaurado às escritoras de Novas Cartas Portuguesas (1972), Barreno, tal como Alice no País das Maravilhas, convida-nos, neste romance, a olhar o mundo de outra forma, de pernas para o ar, do avesso (“o avesso das coisas”, MM: 323), oferecendo-nos hipóteses de leitura ou formas de interpretação diversas dos discursos hegemónicos. É neste ato criativo, ou de viagem pela imaginação, que Barreno revisita narrativas dominantes e questiona as representações patriarcais de “feminilidade” que configuram as mulheres e representam o corpo feminino ao longo da nossa História. Ao colocar no mesmo plano a Grande Narrativa do Cristianismo e contos de fada e mitologias da cultura ocidental, MM desnaturaliza narrativas dominantes e reconfigura conceitos como o belo e o feio. Reclamar um lugar no cânone para Barreno é questionar também o próprio cânone literário português, predominantemente masculino. Para além disso, esta tese pretende ser um contributo para a revisitação e resgate de uma tradição de escrita literária de autoria feminina, dando voz às escritoras que transgrediram os limites discursivos impostos à escrita em geral e à escrita das mulheres em particular. Ao oferecer outras possibilidades de leitura, e de existência, MM é um romance feminista emancipatório que, defendo, irá enriquecer uma História que se quer plural e inclusiva.
Revisiting works of female authorship is a crucial strategy in contemporary academic research in the field of feminist literary studies. It is in the context of contemporary Portuguese literature and the scarce presence of a literary tradition of female authorship in the Portuguese literary canon that I anchor this study on A Morte da Mãe, by Maria Isabel Barreno (1939-2016). Published in 1979, five years after the April Revolution, this book, which may be classified as a novel-essay, is a radical query about the origins and the power of dominant patriarchal narratives in the configuration of women and the feminine. Also known as one of the “three Marias” – the name given to the court process by the three female writers of Novas Cartas Portuguesas in 1972 –, Barreno, like Alice in Wonderland, invites us to look at the world in a different way, upside down, inside out, offering other hypotheses of reading or ways of interpretation. It is in this process of creation or journey of the imagination that Barreno revisits dominant narratives and questions the patriarchal representations of “femininity” that shape women and represent the female body throughout History. By bringing together the Great Narrative of Christianity and fairy tale and mythologies of Western culture, MM denaturalizes dominant narratives and rewrites concepts such as the beautiful and the ugly. To claim a place in the canon for Barreno is also to question the predominantly masculine Portuguese literary canon itself. In addition, this dissertation is my contribution to the collective work of revisiting and rescuing a tradition of femaleauthored literary writing, giving voice to writers who have transgressed the discursive limits imposed on women’s writing. By offering other possibilities of reading, and of existence, MM is a feminist and emancipatory novel that, I argue, will enrich a History that should be both plural and inclusive.
Description: Tese de doutoramento em Estudos Feministas apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/94223
Rights: openAccess
Appears in Collections:UC - Teses de Doutoramento
FLUC Secção de Estudos Anglo-Americanos - Teses de Doutoramento
I&D CES - Teses de Doutoramento

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