Qualidade de vida dos estudantes alojados nas residências da universidade de Coimbra:

Abstract

Às instituições de ensino superior (IES) está reservada uma missão de formador de gerações assim como reservada a tarefa de fazer emergir nos estudantes o seu potencial intelectual, enaltecer a sua personalidade, os seus pensamentos e imaginação, assim como fortalecer padrões de comportamento saudáveis e funcionais. A disponibilização de equipamentos e espaços adequados a essa missão, vai muito além dos espaços de aula estendendo-se aos alojamentos universitários. Assumindo que a montante da conceção desses espaços, se coloca também a satisfação global que o estudante experiencia com a vida que tem na universidade, é imperativo falar da qualidade de vida associada a esses espaços. Este estudo de natureza quantitativa envolveu uma amostra, recolhida exclusivamente nas residências universitárias, de 609 estudantes (55,67% da população residente) alojados em 13 residências dos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra. Foi aplicado um Protocolo de Avaliação da Qualidade de vida do Estudante Universitário alojado nos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra (PAQvER-SASUC) com o objetivo de contribuir para a compreensão e avaliação da qualidade de vida dos estudantes alojados nas residências universitárias dos SASUC. Este protocolo ficou composto por 5 secções, cada uma garantindo a recolha de dados que serviram de base para a medição das variáveis de satisfação com as instalações da RU (Secção A - ISIRU), desempenho académico (Secção B – EAIA e EACRA), qualidade de vida (Secção C – EUROHIS- QoL), resiliência global (Secção D - ER) e resiliência específica (Secção E - MRF). Os dados recolhidos foram submetidos a análises estatísticas descritivas e inferenciais, com recurso a regressões hierárquicas, avaliações do nível de associação das variáveis e a formulação de modelos de equações estruturais. Os resultados apontaram que os estudantes alojados nas RU dos SASUC revelam estar satisfeitos quer com a qualidade de vida proporcionada pela sua residência, quer relativamente a viver na RU. Os estudantes revelaram igualmente estar satisfeitos com “dormir no quarto” da sua residência. No entanto evidenciaram insatisfação com os circuitos de CFTV ou câmaras de vigilância. Os estudos de regressão revelaram que as duas dimensões da satisfação com as instalações do quarto (Aspetos estruturais e aspetos funcionais do quarto) foram as maiores preditoras da satisfação global com as instalações das RU. Os resultados apontaram como preditores da qualidade de vida a idade, a resiliência global (ER10), dois dos fatores da resiliência especificamente académica um de autopreservação (MRF2) e outro de Conexões sociais (MRF4), a autoimagem académica (EAIA), a satisfação global com as instalações da RU (ISG) e a satisfação com os aspetos funcionais do quarto da RU (QuartoF2). O nosso modelo mostrou que a autoimagem académica é responsável por explicar 22,8% da variação dos resultados da qualidade de vida dos residentes das RU dos SASUC. A mesma sofre igualmente influência da resiliência global (20.2%), da satisfação global com as instalações (12.5%), da capacidade de autopreservação do estudante (17.3%), da sua capacidade para estabelecer conexões sociais (18.4%) e da satisfação que sente relativamente aos aspetos funcionais do quarto da RU (14.6%). Assim, consideramos que os resultados desta investigação concluem pela pertinência da proposta de referencial de avaliação e monitorização da qualidade de vida realizada e pelos instrumentos desenvolvidos que poderão vir a ser utilizados numa estratégia de benchmarking interno, com propósitos de melhoria da qualidade dos equipamentos na rede de residências universitárias.