O Hospital Real de Coimbra na primeira metade do século XVIII

Abstract

O Hospital Real da cidade de Coimbra foi fundado por D. Manuel I em 1504 e recebeu regimento apenas em 1508. Construído na Praça, como era então conhecida, gozava de uma posição privilegiada que lhe permitiu evoluir conforme o ritmo das mudanças e transformação da cidade. A instituição já foi alvo de investigação histórica para a época das suas origens e, de forma sistemática, para o período 1750-1850. Existia, portanto, uma importante lacuna de estudos para um período de mais de duzentos anos, entre o século XVI e meados do século XVIII. Contudo, por carência de fontes, só foi possível preencher essa lacuna para a primeira metade de Setecentos. Assim, a presente dissertação visa conhecer o funcionamento desta unidade hospitalar, nesse período, em variadas vertentes: quem a geria, quem foram as pessoas que nela trabalharam, qual o perfil dos enfermos, quais os ritmos anuais e estacionais de entrada e saída de doentes, que taxas de cura e de mortalidade se registaram e, por fim, tentar reconstituir o seu recheio e a alimentação que se fornecia a enfermos, padres e trabalhadores. O regimento foi importante para entender as funções de alguns funcionários, mas o livro de provisões e os registos de receitas e despesas possibilitaram uma recolha mais fidedigna do quadro de trabalhadores do hospital e dos consumos da instituição. Os livros de entradas e saídas de doentes foram cruciais para conhecer a clientela hospitalar.

The Royal Hospital of Coimbra was founded by the King Manuel I in 1504 and received a regiment in 1508. Built in the Praça (the Square), as it was then known, it enjoyed a privileged position that allowed it to evolve according to the pace of changes and transformations of the city. The institution has already been investigated for the time of its origins and, systematically, for the period of 1750-1850. There was, therefore, and important gap in studies for a period of more than two hundred years, between the 16th century and the middle of the 18th century. However, due to a lack of sources, it was only possible to fill this gap for the first half of the 18th century. Thus, this dissertation aims to understand the functioning of this hospital unit in various aspects during this period: who managed it, who were the people who worked there, what was the profile of the sick people, the movements of incoming and outgoing patients, cure and mortality rates and, finally, trying to reconstitute its filling and the food that was provided to the sicks, priests and workers. The regulations were important to understand the functions of some officials, but the book of provisions and the records of income and expenses enabled a more comprehensive collection of the hospital’s staff and the institution consumption. Patient entry and exit books were crucial to know the hospital clientele.