Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/25509
Título: Construção da intimidade : a partir de casa mental
Autor: Filipe, Pedro José 
Orientador: Gonçalves, José Fernando
Palavras-chave: Casa; Construção da identidade
Data: Jan-2014
Citação: Filipe, Pedro José - Construção da intimidade : a partir de casa mental. Coimbra: [s.n.], 2014.
Resumo: A presente dissertação aborda a problemática da construção dos valores de intimidade no espaço doméstico. É analisado o papel protagonista da experiência do habitar nessa construção que, no entanto, é muitas vezes esquecido. Assim, parte-se do pressuposto que é necessário o retorno à origem, ao ponto onde se dá início à construção mental de casa, para encontrar respostas para o desenraizamento que o habitante contemporâneo sofre. A casa deve voltar a ser lugar último da intimidade que permita a construção do habitante enquanto ser humano. Deve potenciar o devaneio como o princípio que cria as raízes do homem no espaço e o integra no mundo; e é na casa que o devaneio tem lugar. O arquétipo de casa surge como uma força que integra pensamentos, lembranças e sonhos onde memória e imaginação se cruzam exponenciando os valores de intimidade. A casa física é colorida pela casa mental, e desse ponto de vista torna-se pertinente entender a casa mental e as suas qualidades oníricas. Na relação triangular homem, casa, cosmos, casa surge no meio, como ponto mediador entre outras duas extremidades. O homem precisa do confinamento sugerido tanto pelo ninho como pela concha para que, posteriormente lhe seja possibilitado o conforto com o domínio exterior. No seguimento desse raciocínio, torna-se pertinente tentar estabilizar a indomável dialéctica entre interior e exterior. Na era moderna o limite entre os dois domínios é, de algum modo, desmanchado. O público invade o privado e o privado torna-se motivo público. É progressivamente dissolvida a construção burguesa dessa fronteira, com resultados imponderáveis, em prol de novos valores e evolução tecnológica. Esqueceu-se que a casa é uma espécie de prolongamento da pele que medeia uma séria relação entre o mundo da intimidade e o mundo público, sem a qual não se constroem valores de intimidade que possibilitam, posteriormente, a estabilidade do Ser ante a agressividade do domínio público. Nesse panorama, surge um desejo pelo espaço próprio a que o movimento moderno não dá resposta. A casa é antes tomada como máquina e o homem um ser perfeitamente inserido numa sociedade laboral, sem nada a esconder. Desde logo se percebe que o positivismo não vai dar resposta às necessidades do Eu do novo sujeito. Casa mental torna-se objecto de estudo de diversas correntes filosóficas que tentam definir a condição do seu sujeito. Nesse seguimento é levantada a problemática do limite, conceito que se materializa na casa enquanto elemento mediador entre sujeito e domínio público. Para ilustrar essa problemática são levantados dois modelos protagonistas da história de arquitectura e reinterpretados a partir da perspectiva paradigmática do novo sujeito. Afinal, a que sujeitos dão esses modelos resposta e como influenciam a sua casa mental. No seguimento destas questões levantadas, a segunda parte da dissertação dedica-se à análise da casa urbana numa busca pelos antigos espaços capazes de se relacionar com o ser humano, de lhe propiciar condições para a construção do Eu-próprio. Surgem três casos de estudo, três casas de três tempos não muito distintos, de três cidades portuguesas. Para a construção da intimidade no espaço seria necessário um estado de permanência impossibilitado por questões logísticas. Para mais, sendo uma questão tão difícil de definir dada o seu carácter subjectivo, o testemunho de uma experiência também não completaria o objectivo. Assim, à presente dissertação não interessam aspectos experienciados fisicamente, mas, as relações entre a análise objectiva de três modelos e as imagens fantasiosas, levantadas pela própria experiência do habitar tanto de quem escreve como de quem lê. É exactamente a partir desses devaneios, que afinal não são somente contaminados pela experiência do habitar mas também pela formação académica, que surgem outros três exemplos descontextualizados tanto geograficamente como temporalmente. Duas obras de arquitectura e um vídeo são capazes de manipular a construção mental de casa. Abrem novos horizontes, novas possibilidades, novos caminhos.
Descrição: Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura, apresentada ao Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/25509
Direitos: openAccess
Aparece nas coleções:UC - Dissertações de Mestrado
FCTUC Arquitectura - Teses de Mestrado

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