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https://hdl.handle.net/10316/79816
Título: | Aquisição de SE Anafórico por Aprendentes Chineses de Português L2 | Autor: | Yunfeng, Zhang | Orientador: | Rio-Torto, Graça Maria de Oliveira e Silva | Palavras-chave: | Clítico; Reflexo; Recíproco; Português; Mandarim; Sintaxe; Semântica | Data: | 5-Mar-2018 | Citação: | YUNFENG, Zhang - Aquisição de se anafórico por aprendentes chineses de Português L2. Coimbra : [s.n.], 2018. Tese de doutoramento. Disponível na WWW: http://hdl.handle.net/10316/79816 | Local de edição ou do evento: | Coimbra | Resumo: | A presente dissertação tem como objetivo analisar o modo como se efetua a aquisição/aprendizagem de SE anafórico — designadamente SE reflexo (doravante SE REFLEX) e SE recíproco (doravante SE RECIPRO) — do Português Europeu (PE) por parte de aprendentes chineses cuja língua materna é o mandarim, pretendendo discutir, com base em dados empíricos, as seguintes questões: i) se existe [e em que condições] acesso à GU na aquisição de SE REFLEX (corporal) e de SE RECIPRO; ii) o grau de influência da L1 (mandarim) na omissão e no sobreuso de SE REFLEX e de SE RECIPRO; iii) outros fatores que também se associam a esta duas classes de desvios. A aquisição/aprendizagem de SE pode causar muitas dificuldades aos aprendentes de PE L2 devido à sua multifuncionalidade. O presente trabalho focaliza-se em SE anafórico, designadamente SE REFLEX e SE RECIPRO, que se distingue de outras funções do clítico SE, apresentando um comportamento sintático-semântico específico e as correspondentes dificuldades aos aprendentes. Defende-se o estatuto argumental de SE anafórico (cf. Secção 3.4.1 para SE REFLEX e Secção 3.5.1 para SE RECIPRO); porém, o comportamento de SE anafórico não é idêntico ao dos outros clíticos pronominais não-reflexos (o, os, a, as) e a transitividade das estruturas reflexas/recíprocas é reduzida, diferindo da transitividade plena de outras construções transitivas. A comparação entre estruturas reflexas e recíprocas em PE e em mandarim revela que a maior diferença reside no facto de em PE haver manifestação do marcador argumental (SE REFLEX e SE RECIPRO) em ambas as estruturas, ao passo que em mandarim o marcador argumental ocorre apenas nas estruturas reflexas não-corporais, mas não nas reflexas corporais (sendo o caso de marcador nulo) nem nas recíprocas (o marcador huxiang é advérbio, não tendo assim valor argumental), sendo também estes dois casos estruturas de objeto nulo. Pressupõe-se que este distanciamento se relaciona com a omissão e com o uso em excesso de SE anafórico por parte dos aprendentes chineses, hipótese que se testou com a aplicação de um inquérito aplicado a um conjunto de 90 alunos (jovens adultos universitários) estudantes da Beijing Language and Culture University (BLCU), distribuídos pelos níveis de proficiência A2-C1 do QECR. A análise dos resultados permite concluir o seguinte: i. Em relação ao acesso à GU, os resultados justificam a adquiribilidade de SE REFLEX corporal e de SE RECIPRO desde a fase inicial, estruturas que não são compatíveis com a L1 dos aprendentes (mandarim), permitindo validar o acesso à GU na aquisição de L2; ii. Relativamente à influência de L1 (mandarim) na aquisição/aprendizagem de SE REFLEX/RECIPRO, os resultados não correspondem às expectativas mais proto- típicas, invalidando a hipótese de transferência linear de L1. Chegou-se, assim, à conclusão de que os resultados da presente investigação coincidem com a hipótese Full Access No Transfer (Epstein, Flynn & Martohardjono, 1996, 1998); iii. Quanto aos hipotéticos fatores linguísticos que poderão explicar a omissão/sobreuso de SE REFLEX/RECIPRO, os resultados demonstram que a sua omissão se revela mais frequente com a coocorrência das expressões de redobro ‘a si próprio’ e ‘um prep. outro’; o sobreuso de SE REFLEX ocorre com verbos não-reflexos de ação corporal e com o pronome tónico SI, enquanto o uso em excesso de SE RECIPRO ocorre com verbos lexicalmente recíprocos. Os resultados do inquérito coincidem, também, com Ellis (1997: 19), que defende que tanto a omissão como o sobreuso não são manifestações de “transferência linguística”, mas resultados dos processos de omissão/simplificação e sobregeneralização adotados pelos aprendentes de L2, que se revelam universais na assimilação de estruturas de L2: os aprendentes poderão, por um lado, omitir certos itens de L2 que consideram redundantes ou desnecessários, adotando estruturas de L2 de uma forma simplificada; e por outro lado, proceder à extensão de certas regras/estruturas da L2 a contextos em que não se aplicam. Estas duas categorias de desvios suscitam, pois, desafios teóricos e metodológicos de grande alcance no ensino/aprendizagem de PE como L2. | Descrição: | Tese de doutoramento em Linguística Portuguesa, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra | URI: | https://hdl.handle.net/10316/79816 | Direitos: | openAccess |
Aparece nas coleções: | FLUC Secção de Português - Teses de Doutoramento |
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