Contribuição para o estudo de enxertos ósseos granulados alógenos e de biomateriais

Abstract

Para o tratamento das doenças do aparelho locomotor, o ortopedista dispõe actualmente de um amplo espectro de técnicas cirúrgicas que envolvem, entre outras, a utilização de enxertos ósseos alógenos e de biomateriais de substituição óssea.. Com o propósito de avaliar a sequência da incorporação de três tipos diferentes de enxertos granulados alógenos, preparados de acordo com o protocolo actual do Banco de Ossos e Tecidos dos HUC, desenvolveu-se um trabalho experimental, recorrendo a um modelo de defeito ósseo. Para o efeito, foram impactados em situação ortotópica, no joelho do coelho, enxertos esponjosos criopreservados, esponjosos liofilizados e corticais totalmente descalcificados. A análise dos resultados obtidos revelou que todos os enxertos foram incorporados. Os enxertos mineralizados demonstraram possuir grande capacidade osteocondutora e os enxertos descalcificados uma intensa capacidade osteoindutora e um fraca capacidade osteocondutora. Numa avaliação global, os esponjosos criopreservados mostraram uma maior eficácia biológica na reconstrução do defeito ósseo experimental, seguidos de perto pelos esponjosos liofilizados e, por último, pelos corticais descalcificados. Estes resultados validam, em última análise, o protocolo utilizado pelo Banco de Ossos e Tecidos dos HUC no processamento e preservação destes três tipos de enxertos. Para além dos enxertos alógenos, os biomateriais encontram-se largamente difundidos na composição de implantes de substituição articular. Com o intuito de avaliar o comportamento biológico de um biomaterial compósito, constituído por uma liga metálica de titânio revestida com uma camada de biovidro, procedeu-se à realização de um outro trabalho de investigação experimental no coelho. Os implantes foram também colocados em situação ortotópica, no osso esponjoso do joelho. As amostras foram preparadas para estudos radiográficos e, ainda, para microscopia de luz, microscopia de luz polarizada, microscopia electrónica de varrimento e microanálise. O conjunto dos estudos realizados demonstrou que o material de revestimento do implante é biocompatível, osteocondutor, bioactivo e reabsorvível.