Estudo Exploratório das Atitudes dos Alunos do 8º Ano Face à Inclusão de Alunos com Deficiência nas Aulas de Educação Física

Abstract

O estudo das atitudes dos alunos face à inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física é uma área de investigação de grande interesse na medida em que estas poderão ser um factor primordial na melhoria da integração e inclusão de alunos com deficiência nas classes regulares. A filosofia inclusiva consubstancia uma das temáticas mais prementes da actualidade educativa, dizendo respeito a todos os que de algum modo estão ligados ao fenómeno da educação, tendo como objectivo principal responder de forma eficaz às necessidades educativas de um número crescente de alunos com características diversas, que representam um grande desafio às escolas que os recebem. O objectivo principal deste estudo foi verificar as atitudes dos alunos face à inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física, procedendo a uma investigação transversal, na qual foram analisadas as variáveis passíveis de influenciar as atitudes como “género”, “idade”, “presença de pessoas com deficiência na família/amigos/vizinhos”, “presença de pessoas com deficiência na turma, na aula de Educação Física” e “nível de competitividade” e uma “intervenção desportiva de natureza inclusiva”. O instrumento usado na recolha de dados para medir as atitudes dos alunos face à inclusão foi o questionário Children’s Attitudes Towards Integrated Physical Education-revised (CAIPE-R), Block, 1995, traduzido e adaptado por Campos & Ferreira (2008), é de referir que é o primeiro estudo exploratório em Portugal. A amostra foi constituída por N=193 sujeitos, dos quais 104 são do género masculino e 89 são do género feminino, do 8º ano de escolaridade. As idades da amostra estão compreendidas entre os 12 e os 17 anos (M= 13,40; SD=0,885). Concluímos, pelos resultados obtidos, que as atitudes dos alunos face à inclusão de alunos com deficiência são moderadamente favoráveis. Registaram-se diferenças estatisticamente significativas, o que nos leva a concluir que os alunos que têm colegas com deficiência nas aulas de EF têm atitudes mais favoráveis à inclusão. Relativamente à atitude face à alteração de regras, também aqui se verificaram diferenças estatisticamente significativas. Podemos assim concluir que o facto de se ter um colega com deficiência nas aulas de Educação Física tem uma influência significativa, quer na inclusão de alunos, quer na atitude desses alunos face à alteração de regras. No que concerne à comparação entre o pré teste e o pós teste e, para as variáveis dependentes atitude específica face à Educação Física antes da semana de intervenção e após a semana de intervenção, verificamos que existem diferenças estatisticamente significativas, sendo as atitudes após a intervenção superiores à do pré teste, o que nos leva a concluir que as atitudes no pós teste são superiores às do pré teste, relativamente à atitude específica face à EF. Assim, a importância de investir numa intervenção especializada, quer ao nível da formação técnica, quer de formação prática, é fundamental para que todos os alunos garantam o respeito à diferença. Assim sendo, será mais fácil contribuir para o sucesso da implementação de políticas inclusivas nas escolas de ensino regular do nosso país, através da realização de actividades desportivas de natureza inclusiva.